25 de jun. de 2009

Dra. Mayana Zatz pede agilidade para pesquisas



Matéria Publicada em: 23/06/2009





(São Paulo, BR) - Ela é premiada internacionalmente e uma das maiores geneticistas do mundo. Uma das cinco vencedoras do Prêmio L'Oréal/Unesco para Mulheres Cientistas, a profa. Dra. Mayana Zatz não poderia ser melhor escolhida para inaugurar o novo "laboratório lúdico" da Estação Ciência, nesta quarta-feira (24/06). É quando esse centro interativo de educação e diversão científicas, mantido pela Universidade de São Paulo, comemora 22 anos. No entanto, Zatz não tem muito a comemorar quando o assunto é a burocracia brasileira. Coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano e professora de Genética Humana do Departamento de Biologia do Instituto de Biociência da USP, ela vem passando por constantes constrangimentos por conta da lentidão e burocracia nos portos e aeroportos do Brasil, fruto da desorganização entre fiscais Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Receita Federal, quando tem de receber amostras de material científico do exterior.
Um caso exemplar foi quando a pesquisadora teve retida em Guarulhos uma caixinha com DNAs de uma família inteira afetada por uma doença grave. Foram pedidos mais de 15 documentos para liberar o material. Demorou semana mas não adiantou: sem refrigeração adequada, os DNAs se deterioraram. Os órgãos aduaneiros queriam fotos dos DNAs. "Recorri à Anvisa, houve promessa de interveniência para apressar a liberação, mas mesmo assim nada consegui", diz Zatz. Por essa, outras e por uma enquete da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesb), que revela que 60% dos pesquisadores precisam esperar pelo menos seis meses para que o produto vindo do exterior chegue à suas mãos, a pesquisadora reivindica a aprovação, o quanto antes, de uma lei ou norma que agilize a liberação de material de pesquisa que aporta nas alfândegas brasileiras.

"Não é possível que uma amostra científica tenha que passar pelos mesmos trâmites de uma mercadoria qualquer, se não há interesse comercial envolvido. São 300 mil papéis para preencher, uma burocracia sem fim", reclama a cientista. Sua consultoria técnica ao Supremo Tribunal Federal (STF) foi fundamental para que a suprema corte brasileira pudesse discernir, em recente votação histórica, sobre a utilização de células-tronco para fins de pesquisa.

"Vexame"


As tais amostras de DNAs citadas acima foram encaminhadas ao Brasil por pesquisadores de uma universidade da Índia, interessados em checar se eram compatíveis com descoberta feita pelo grupo liderado por Zatz na USP. As exigências foram tantas que a geneticista, especializada em desvendar os mecanismos da Distrofia Muscular de Duchenne - uma doença incapacitante -, acabou se desinteressando e perdendo o material.

"Como não realizou o experimento acertado com os colegas estrangeiros", argumenta a cientista, "ainda ficou a sensação de que eles são superiores aos nossos pesquisadores. É um vexame para o Brasil. Fiquei muito triste", lamenta.

"Parto na montanha"


Esse imbróglio com a amostra de DNA não foi o único: recentemente, encaminharam para o grupo de pesquisa dela estudar uma droga eficaz contra a distrofia em cães. Ao procurar a alfândega para liberar a substância, encontrou "zilhões de problemas".

Um funcionário chegou a recomendar que se procurasse o ministério da Agricultura para conseguir a liberação da droga, já que ela seria testada em animais e não em humanos. "É um parto na montanha conseguir a liberação de qualquer coisa que nos encaminhem para darmos continuidade ao nosso trabalho de pesquisa", reclama.

Em reunião recente e da qual participava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Zatz reivindicou agilidade na liberação dos produtos encaminhados pelas universidades estrangeiras aos cientistas brasileiros. Pediu um voto de confiança aos pesquisadores e obteve a concordância do dirigente máximo da nação, mas ficou apenas na concordância presidencial - e só.

Segundo Mayana Zatz, o caminho para tornar mais ágil essa liberação é simples: faz-se um cadastro dos pesquisadores ou então o funcionário da alfândega recorre às plataformas de informações sobre os cientistas do país, como o Currículo Lattes, disponível na internet. "De posse do nome do destinatário, se vir que é de um cientista e o endereço o de uma uma univerdade, um centro de pesquisa, libera-se a encomenda logo. Pronto. Isto tem que ser resolvido de uma forma global", sugere.

Agilidade


Aos que possam argumentar questões legais relacionadas ao conteúdo das encomendas, Mayana Zatz contra-argumenta com a responsabilidade civil e criminal do destinatário. "Não há porque se ficar retendo um produto que pode ajudar a fazer com que a ciência progrida. Nosso potencial maior é pensar, somos pagos para isso, e não para ficar gastando tempo com a liberação de encomendas para a pesquisa', diz.

Mayana Zatz elogia a liberação de recursos governamentais para a criação da série de institutos nacionais que vão, segundo ela, alavancar a ciência no Brasil, mas observa que mais dinheiro apenas não é suficiente para fazer a pesquisa se desenvolver, ao reiterar a necessidade de agilidade na alfândega. E deixa uma idéia para as autoridades alfandegárias: concentrar em três ou quatro postos as encomendas científicas e o treinamento dos profissionais respnsáveis pela liberação dos produtos, de modo a que eles, conhecendo as características destes, sejam ágeis na hora da liberação.

Procurada pela BR Press, a Anvisa não se manifestou sobre as reclamações de Zatz.


Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/s/23062009/11/saude-dra-zatz-pede-agilidade-pesquisas.html

22 de jun. de 2009

Insatisfação familiar e depressão agravam esclerose múltipla

Matéria publicada em: 05/06/2009


A insatisfação familiar e a prevalência de quadros depressivos potencia o agravamento da condição neuropsicológica em doentes com esclerose múltipla, revela um estudo de investigadores da Universidade do Porto a que a Lusa teve hoje acesso.

Os resultados desta investigação vão ser apresentados na reunião do Grupo de Estudos de Esclerose Múltipla (GEEM) da Sociedade Portuguesa de Neurologia, que reúne sábado e domingo, em Espinho, os principais especialistas nacionais e alguns internacionais na investigação de uma doença que afecta cerca de cinco mil portugueses.

O estudo, que analisou um grupo de 25 mulheres portadoras de esclerose múltipla entre os 25 e os 58 anos, "sugere que existe uma maior prevalência de défices neuropsicológicos associada a uma maior incidência de sintomatologia depressiva e de insatisfação familiar".

Os resultados obtidos revelam, no seu conjunto, "uma implicação do funcionamento emocional e familiar no funcionamento neuropsicológico" e permitem concluir que "estes factores [emocionais e familiares] devem ser ponderados na implementação de programas de intervenção, quer ao nível da psicoterapia individual, quer ao nível da psicoterapia familiar e também em programas de reabilitação neuropsicológica e psicossocial destes doentes".

"A relação entre o funcionamento familiar, os défices neuropsicológicos, a ansiedade e depressão num grupo de doentes com esclerose múltipla" foi estudada por Diana Maia, Rosário Curral e Celeste Silveira, do Serviço de Psiquiatria, Hospital S. João, e por Marina Prista Guerra, da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, da Universidade do Porto.

Este estudo é apenas uma das 13 investigações que especialistas de todo o país levam ao congresso de Espinho.

De acordo com José Grilo Gonçalves, presidente do GEEM, "a esclerose múltipla é uma doença inflamatória crónica do sistema nervoso central, que evolui por surtos, deixando sempre sequelas depois da sua ocorrência, as quais se traduzem em incapacidade para o doente".

"Ataca predominantemente as pessoas jovens, entre os 20 e os 40 anos, e pensa-se que se deve a uma conjugação de factores genéticos e ambientais", disse José Grilo Gonçalves.

"O que se encontra comprometido é o sistema imunitário do próprio doente, que ataca a mielina, a substância que protege os nervos", acrescentou o também neurologista do Centro Hospitalar de Coimbra.

Fonte:
 http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1385226&idCanal=62

21 de jun. de 2009

Brasileiros conseguem obter Células-Tronco a partir de trompas de Falópio.

Matéria Publicada em: 18/06/2009

Pesquisa da USP estabelece nova fonte para esse tipo de célula.
Material é descartado em cirurgias como a da retirada do útero.



Pesquisadores do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP e de mais duas instituições de São Paulo conseguiram obter células-tronco adultas a partir das trompas de Falópio, ou tubas uterinas -- o canal que conduz os óvulos para o útero após a fecundação. O estudo aponta mais uma possível fonte para essas células, que já apresentaram resultados animadores no tratamento experimental de uma série de doenças no Brasil.

A pesquisa, assinada por Tatiana Jazedje e colegas e publicada na revista científica de acesso livre "Journal of Translational Medicine", pode ser lida gratuitamente aqui (em inglês). Os cientistas chegaram às células examinando o material obtido de seis mulheres que passaram por cirurgias de remoção de útero ou de "ligação de trompas" (muito usada como método anticoncepcional).

No artigo, os pesquisadores explicam a lógica de tentar achar células-tronco (capazes de assumir a função de vários tecidos e, portanto, com potencial para regenerar órgãos) nos restos dessas operações. Assim como o útero, as trompas de Falópio passam por mudanças constantes, ligadas ao ciclo reprodutivo das mulheres, de forma a manter a viabilidade dos óvulos e dos espermatozoides e facilitar o surgimento de um novo bebê.

Isso exige uma regeneração constante das células no local, o que poderia indicar a presença de células-tronco, cuja principal característica é justamente a capacidade de se autorrenovar, junto com a habilidade de se transformar em outros tipos celulares.

Na mosca
A extração e purificação de células das amostras revelaram que essa dica estava absolutamente correta. De fato, as trompas abrigam uma população das chamadas células-tronco adultas mesenquimais, obtidas antes em regiões do corpo como a medula óssea, o cordão umbilical, a polpa dentária e outros.

Pelo que se sabe até agora, tais células não são tão potentes quanto as células-tronco embrionárias, as quais podem se transformar em quase qualquer tecido. Mas, mesmo com sua atuação mais limitada, elas podem ser bastante úteis. A equipe da USP conseguiu "transformar" as células-tronco adultas mesenquimais das trompas em células de osso, músculo, cartilagem e gordura.

Os pesquisadores argumentam que as células-tronco das trompas podem ser mais uma fonte alternativa para a terapia celular, transformando-as em ferramentas para reconstruir ossos, músculos e cartilagens com lesões, por exemplo.
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1198846-5603,00-BRASILEIROS+CONSEGUEM+OBTER+CELULASTRONCO+A+PARTIR+DE+TROMPAS+DE+FALOPIO.html
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