6 de dez. de 2010

Estudo oferece esperança de "reparar" danos MS

Matéria Publicada em: 06/12/2010

Os cientistas identificaram uma maneira de incentivar o reparo do sistema nervoso na Esclerose Múltipla (MS).


O estudo sugere uma forma de ajudar a reparar danos cerebrais



Estudos em ratos por pesquisadores de Cambridge e da Universidade de Edimburgo identificou como ajudar as células-tronco no cérebro regenerar bainha de mielina, necessárias para proteger as fibras nervosas.

caridades MS disse que o "excitante" Nature Neuroscience trabalho oferecido esperança de restaurar as funções físicas.

Mas eles alertaram que seria alguns anos antes dos tratamentos foram desenvolvidos.

A Esclerose Múltipla é causada por um defeito no sistema imunológico do organismo, que gira sobre si própria, e ataca a bainha de mielina graxos.

Acredita-se que afecta cerca de 100.000 pessoas no Reino Unido.

Cerca de 85% têm o remitente-recorrente forma da doença, em que "flare-ups", que causa deficiência, são seguidos por uma recuperação do nível da função perdida física.

Nesta forma de Esclerose Múltipla, não parece ser algum reparo da mielina natural.

No entanto, cerca de 10% das pessoas são diagnosticadas com uma forma progressiva da Esclerose Múltipla, onde o declínio continua sem períodos de remissão.

Além disso, as pessoas com o remitente-recorrente forma muitas vezes vão a desenvolver o que se chama Esclerose Múltipla secundária progressiva, que afeta-los da mesma maneira.

'Elo perdido'


Os cientistas têm estado a olhar para como eles podem desenvolver tratamentos para estes dois grupos.

Na Esclerose Múltipla, a perda da bainha de mielina que atuam como camadas de isolamento, leva para as fibras nervosas no cérebro tornando-se danificadas.

Estas fibras são importantes, eles enviam mensagens para outras partes do corpo.

Este estudo identificou uma via de sinalização no cérebro que pode estimular as células do cérebro-tronco para regenerar a própria mielina novamente.

Os cientistas acreditam que isso vai ajudar na identificação de drogas para estimular reparação da mielina em pacientes com EM.

No entanto, o trabalho é necessário muito mais - não só para testar se o mecanismo funciona em pessoas com Esclerose Múltipla, mas também para ver o que drogas podem ser necessárias para promover o efeito.

Professor Charles Ffrench-Constant, da Universidade de Edimburgo MS Sociedade Centro de Pesquisa MS, disse: "O objetivo de nossa pesquisa é de retardar a progressão da Esclerose Múltipla com o objetivo final de parar e reverter isso.

"Esta descoberta é muito emocionante, que potencialmente poderiam pavimentar o caminho para encontrar drogas que poderiam ajudar a reparar danos causados às camadas importantes que protegem as células nervosas do cérebro."

O professor Robin Franklin, diretor do Centro, a Sociedade de Esclerose Múltipla de mielina reparação da Universidade de Cambridge, disse: "Terapias de reparação de danos que são o elo que faltavam no tratamento de Esclerose Múltipla.

"Neste estudo nós identificamos um meio pelo qual as células tronco do próprio cérebro podem ser incentivados a proceder a essa reparação, abrindo a possibilidade de uma nova medicina regenerativa para esta doença devastadora."

O estudo foi financiado pela Sociedade de Esclerose Múltipla e pela sociedade nacional do MS nos EUA.

Simon Gillespie, diretor executivo da Sociedade de Esclerose Múltipla, que co-financiou a pesquisa, disse: "Para pessoas com Esclerose Múltipla este é um dos mais excitantes desenvolvimentos nos últimos anos.

"É difícil colocar em palavras o quão revolucionário desta descoberta poderia ser e como é crítico para prosseguir a investigação em MS".

Pam Macfarlane, presidente-executivo da Fundação MS, acrescentou: "Exploração de processos que possam reparar as áreas de dano à mielina, é outra importante área de pesquisa de MS e isso pode eventualmente permitir que as pessoas recuperam a função que foi perdida com a deficiência.

"Este ainda é um estudo inicial em roedores, mas será muito interessante ver como ele se desenvolve."

"Para pessoas com esclerose múltipla este é um dos mais excitantes desenvolvimentos nos últimos anos. ” "


citação de Simon Gillespie, diretor executivo da Sociedade de Esclerose Múltipla, que co-financiou a pesquisa.

18 de nov. de 2010

ENCONTRO PELA CONSCIENTIZAÇÃO DA ESCLEROSE MÚLTIPLA

CLIQUE NA FOTO PARA AMPLIAR

Data: 22/11/2010 (segunda-feira)

Local: Câmara Municipal de São Paulo

Viaduto Jacareí , 100 - Auditório Prestes Maia - 1º andar

Horário: 19:00hs

VAGAS LIMITADAS

Inscrições através do telefone (11) 2506-9559


Programação do evento:

1 ª Palestra:Vereador Gilberto Natalini
Tema:Projeto de Lei Que CRIA o Programa de Apoio Portadores de Esclerose EAo Múltipla


2 ª Palestra:
Sr. Wilson Roberto Gomiero - FEBRAPEM da Presidente
Tema:
O Papel da Entidade e Organização nd nd Mobilização dos Pacientes de Esclerose Multipla um Nível Nacional.


3 ª Palestra:
Prof º Dr. Dagoberto Callegaro, neurologista Médico, com Graduação em Medicina, mestrado e doutorado in Neorologia Pela Universidade de São Paulo.
Tema: Relação médico-paciente na Esclerose Múltipla.


4ª Palestra:
Sra. Cleuza de Carvalho Miguel, Conselheira Nacional de Saúde, vice-presidente para assuntos institucionais da FEBRAPEM.
Tema:
A causa da Esclerose Multipla representada no Conselho Nacional de Saúde


5ª Palestra:
Dra. Maria Fernanda Mendes
Tema: Pesquisa sobre percepção da Esclerose Múltipla no Brasil.




Debate: Todos os palestrantes


Encerramento

Remédio sintético nos protege de infecções e aumenta a imunidade

Matéria Publicada em 28/05/2010

Agora, os cientistas querem testar o remédio em pacientes com AIDS.






Luiz Fernando Mesquita é um médico com cabeça de inventor. Há 15 anos esse ex-obstetra, hoje psicanalista, teve a ideia de criar um remédio para proteger o nosso organismo de infecções e aumentar a nossa imunidade. A preocupação nasceu da convivência com pacientes que tinham o vírus HIV. Se parecia um sonho impossível, hoje não é mais. O medicamento já virou realidade e está sendo chamado, por enquanto, de ZIMDUCK.
“O que nós descobrimos é que o ser humano pode ter a sua resposta imune resgatada. Uma vez, me perguntaram: ‘o zimduck é contra o quê?’ O zimduck não é contra nada, ele apenas faz com que o seu organismo volte a ser o seu próprio organismo, volte a ter a tua imunidade natural”, explica Luiz Fernando Mesquita.


O remédio já foi até patenteado no Brasil e no exterior e despertou o entusiasmo de vários pesquisadores. Hoje, um grupo leva adiante os estudos com o zimduck na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“O zimduck é um produto nacional, um produto novo nacional”, afirma a química farmacêutica Márcia Miranda. “O zimduck é hoje 100% natural, sem aditivo químico nenhum”, destaca Ricardo Kuster, coordenador do Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais da UFRJ.
“Ele não substitui nada no nosso organismo, ele estimula um melhor funcionamento do que temos”, diz o biólogo Igor Couto da Cruz. “Nós temos convicção de que esse produto funciona”, aponta o infectologista Edimilson Migowski.
O que está por trás de um medicamento tão promissor é um ingrediente simples, mas extremamente rico. Os cientistas se inspiraram no melhor remédio que uma mãe pode dar ao filho: o leite materno. Quando amamenta, a mulher transfere para o bebê não só nutrientes, mas também anticorpos, defesas que vão torná-lo muito mais forte. O leite é fonte de imunidade, é assim que os recém nascidos recebem doses de proteção contra doenças e infecções não só na infância, mas por toda a vida.
É assim com seres humanos e com os outros mamíferos também. O trabalho dos cientistas não começa no laboratório, mas no campo, onde eles coletam a matéria-prima do zimduck.
O poder do medicamento, segundo os cientistas, vem justamente da combinação de leite de vários mamíferos. Cada um deles tem uma carga diferente de anticorpos. A fórmula mistura leite de cabra, de ovelha, de vaca e de um quarto animal. Mas esse, o dono da ideia não revela qual é. Por enquanto, é um dos segredos.
“Nós conseguimos concluir com este quarto mamífero, digamos assim, uma fórmula estável”, afirma o médico Luiz Fernando Mesquita.
Até chegar à combinação perfeita, foram inúmeros testes. Agora ele pode ser produzido sem nenhuma química. “O organismo reconhece melhor as coisas que são naturais, as moléculas que são naturais. E se você pensa, por exemplo, em leite, existe uma série de proteínas no leite que existem receptores próprios no organismo”, ressalta Ricardo Kuster, do Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais da UFRJ.
O remédio é aplicado através de uma injeção no músculo, e os primeiros testes já foram feitos em seres humanos. Essa fase da pesquisa provou que o medicamento à base de leite é seguro. Ao todo, 30 adultos experimentaram o remédio, uma vez por semana durante um mês.
Os testes foram feitos em pessoas saudáveis, mas que, como todos nós, sempre têm um ou outro probleminha incomodando.
“Eu tinha alergia respiratória, gripes constantes, resfriados e uma inflamação urinária que era constante”, conta uma secretária executiva. “Eu tinha resfriados constantes. Também de vez em quando, eu tinha infecções urinárias”, diz um engenheiro mecânico.
Os dois testaram o zimduck em 2003. Voluntários que participam de pesquisas com novos medicamentos não podem ser identificados, mas eles podem contar o que sentiram.
“Foram cinco anos sem gripe. É um efeito impressionante. Foi um ano e meio sem problema de infecção urinária”, revela o homem.
"Hoje, sete anos depois, eu me sinto ótima, principalmente pelo fato de ter me livrado daquelas inflamações incômodas e a alergia respiratória crônica. Estou ótima, nunca mais usei remédio”, diz a mulher.
O que aconteceu no corpo dos voluntários foi observado em laboratório. Os exames de sangue deixaram o biólogo Igor Couto da Cruz impressionado com o que viu. A quantidade de células natural killers ou exterminadoras naturais chamou a atenção. São elas que nos protegem de infecções provocadas por vírus, como gripes, herpes e hepatite C, são células que aumentam a nossa imunidade.
“É um ganho geral mesmo, você fica mais alegre, melhora toda a sua vida. Senti isso depois da primeira aplicação”, revela a voluntária. “O zimduck é um remédio que me elevou a outro nível de vida, que me ajudou a ter uma qualidade de vida melhor”, conta o voluntário.
Os médicos imaginam que o remédio funcione assim: ele estimula as glândulas supra-renais a liberarem um hormônio chamado sdhea. Esse hormônio tem quase 150 funções diferentes no nosso corpo. Uma delas é aumentar a quantidade de células natural killers no sangue.
E tem mais. Como o sdhea começa a diminuir a partir dos 25 anos, o remédio ajudaria também a combater os efeitos do envelhecimento, aumentando, por exemplo, a vitalidade. “A primeira aplicação e a mais simples é a menopausa, por exemplo”, destaca o biólogo Igor Couto da Cruz.
Agora, os cientistas querem testar o remédio em pacientes com AIDS. “A aplicação mais fantástica é contra as viroses. E o HIV se encaixa perfeitamente”, aposta Igor.
“Ele iria atuar fazendo com que o teu organismo responda e comece a reagir. É ele pegar na sua mão e bater no inimigo já que você não tem força para bater”, afirma o infectologista Edimilson Migowski.
Esse futuro por enquanto é incerto. Até agora, os cientistas bancaram a pesquisa com dinheiro do próprio bolso, mas a segunda fase é mais cara. E há anos eles esperam financiamento. Mesmo assim, o pai do zimduck não perde o entusiasmo. O que ele promete é, sem dúvida, uma revolução: “ensinar o corpo a voltar a se defender”, afirma o médico Luiz Fernando Mesquita.

6 de nov. de 2010

Remédio feito à base de maconha pode chegar ao Brasil

Matéria Publicada em:  03/11/2010


A inglesa GW Pharma, produtora do Sativex, já iniciou conversas com a Anvisa

Jones Rossi
 Paciente usa o Sativex, medicamento feito à base de substâncias extraídas da maconha
Paciente usa o Sativex, medicamento feito à base de substâncias extraídas da maconha (Divulgação)
O Sativex, remédio feito à base de maconha, pode estar a caminho do Brasil. A empresa farmacêutica britânica GW Pharma revelou ao site de VEJA que iniciou discussões com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a possibilidade de vender o medicamento — indicado para tratar sintomas de Esclerose Múltipla — no país. "Temos um interesse muito grande no mercado brasileiro e gostaríamos de obter a aprovação para o remédio na América do Sul", afirma Mark Rogerson, relações públicas da empresa. 
Segundo Rogerson, a intenção da empresa é dar início ao processo formal de aprovação do medicamento. Uma comissão da Anvisa já teria visitado os laboratórios onde o Sativex é produzido, na Inglaterra. A unidade brasileira da Bayer Schering Pharma, que comercializa o remédio na Grã-Bretanha, também afirma que está avaliando a possibilidade de lançar o Sativex no Brasil. 
De acordo a legislação brasileira, medicamentos que contenham em sua composição extratos da maconha são proibidos, mas a lei também prevê a hipótese de autorização para casos específicos.
Liberado para venda pela primeira vez em 2005, no Canadá, o Sativex recentemente ganhou autorização para ser comercializado na Espanha, Nova Zelândia e na própria Grã-Bretanha. O medicamento é usado principalmente para tratar a espasticidade, que são os espasmos musculares causados pela degeneração dos nervos que ocorre por causa da Esclerose Múltipla.
O Sativex usa duas substâncias da planta da maconha, o delta9-tetraidrocanabinol e o canabidiol. Essas substâncias ativam os receptores do cérebro que ajudam a diminuir os sintomas dos espasmos. Segundo a empresa, 50% das pessoas que sofrem com os espasmos causados pela Esclerose Múltipla apresentaram reações positivas ao remédio. "Não temos outro medicamento tão eficiente para tratar dores nervosas", afirma o psicofarmacologista Elisaldo Carlini, de 80 anos, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e estudioso do uso medicinal da maconha desde os anos 50.
A Esclerose Múltipla atinge 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla, não existem dados concretos sobre o número de pacientes no país, mas estima-se que haja ao menos 35.000 casos.

31 de jul. de 2010

EUA autorizam uso de células-tronco em humanos

Matéria Publicada em: 30/07/2010

A Agência de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) anunciou nesta sexta-feira, 30, que irá liberar o uso de células-tronco embrionárias para uma primeira aplicação em humanos. As informações são do Wall Street Journal. 

A autorização da FDA permite que o grupo Geron Corporation faça o primeiro emprego de células-tronco em humanos, por meio do método conhecido como GRNOPC1 e desenvolvido pelo grupo. A primeira fase da pesquisa será voltada ao tratamento de pacientes com lesões na medula espinhal.

A Geron começou o estudo com animais no início de 2009, mas ele foi interrompido sete meses depois por causa de preocupações com a segurança dos testes, após camundongos apresentarem pequenos cistos na medula espinhal.

Células-tronco embrionárias são consideradas como pluripotentes, ou seja, podem se transformar em qualquer tipo de célula no corpo. Seu uso, no entanto, é polêmico, pois envolve a destruição de embriões humanos para o obtenção das células.

Os testes iniciais com humanos, que serão feitos com entre oito e dez pacientes em um prazo de dois anos, irão focar na segurança e na efetividade da terapia.

A Geron já está testando células-tronco em animais para determinar seu potencial de cura em doenças do sistema nervoso, como Alzheimer, Esclerose Múltipla, e a doença de Canavan.

A droga desenvolvida pela companhia contém células vivas que ajudam a restaurar fibras nervosas e a mielina, uma membrana que protege nervos do sistema nervoso central.

29 de jul. de 2010

Pesquisadores da Unicamp usam 'cola' para restabelecer conexão entre neurônios

Matéria Publicada em: 29/07/2010

Modelo inovador associa terapia celular ao reimplante de raízes nervosas para recuperar lesões cerebrais


SÃO PAULO - A realização de reparos eficientes em lesões do sistema nervoso é um desafio para a medicina. Compreender o rearranjo dos circuitos neurais provocado por essas lesões pode ser um passo fundamental para otimizar a sobrevivência e a capacidade regenerativa de neurônios motores e restabelecer os movimentos de pacientes.


A partir de investigações sobre esses mecanismos de rearranjo dos circuitos nervosos, um grupo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está desenvolvendo um modelo inovador que associa terapia celular ao reimplante das raízes nervosas.

Para restabelecer a conexão entre o sistema nervoso periférico e o central, os pesquisadores utilizam células-tronco mononucleares de medula óssea e uma “cola” desenvolvida a partir do veneno de serpentes.


O projeto é coordenado por Alexandre Leite Rodrigues de Oliveira, professor do Departamento de Anatomia, Biologia Celular e Fisiologia e Biofísica, e conta com apoio da Fapesp por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa - Regular.


Oliveira, que coordena o Laboratório de Regeneração Nervosa da Unicamp, apresentou na última segunda-feira, durante o 15º Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular, em São Paulo, modelos utilizados por sua equipe para investigar os mecanismos de regeneração do sistema nervoso central e periférico.

Este ano, o grupo já publicou artigos sobre o tema nas revistas científicas Neuropathology and Applied Neurobiology, Journal of Comparative Neurology e Journal of Neuroinflammation.

“Após uma lesão no sistema nervoso - periférico ou central -, ocorre um rearranjo considerável dos circuitos neurais e das sinapses. Entender esse rearranjo é importante para determinar a sobrevivência neural e a capacidade regenerativa posterior”, disse Oliveira à Agência Fapesp.

Para estudar os mecanismos de regeneração, os cientistas utilizam técnicas que unem microscopia eletrônica de transmissão, imuno-histoquímica, hibridação in situ e cultura de células gliais e de neurônios medulares.

“Procuramos associar a terapia celular ao reimplante das raízes nervosas. Para isso, temos usado células-tronco mesenquimais e mononucleares no local da lesão ou nas raízes reimplantadas. A ideia não é repor neurônios, mas estimular troficamente essas células e evitar a perda neural, de modo a conseguir otimizar o processo regenerativo”, explicou Oliveira.

O projeto mais recente do grupo envolve o uso de um selante de fibrina - uma proteína envolvida com a coagulação sanguínea -, produzido a partir de uma fração do veneno de jararaca pelo Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu.

“Os axônios dos neurônios motores saem da medula espinhal e entram na raiz nervosa, dirigindo-se aos nervos. O nosso modelo emprega essa ‘cola’ biorreabsorvível para reimplantar as raízes nervosas na superfície da medula, onde o sistema nervoso periférico se conecta ao sistema nervoso central. Associamos essa adesão às células-tronco, que produzem fatores neurotróficos - isto é, moléculas proteicas capazes de induzir o crescimento e a migração de expansões das células neurais”, afirmou Oliveira.


Quando as raízes motoras são arrancadas, cerca de 80% dos neurônios motores morrem duas semanas após a lesão. Mas os motoneurônios que sobrevivem têm potencial regenerativo após o reimplante de raízes nervosas.


“Porém, na maioria das vezes, o reimplante das raízes não é suficiente para se obter um retorno da função motora, porque a lesão causa uma perda neuronal grande demais. Por isso, é preciso desenvolver estratégias para diminuir a morte neuronal após a lesão. Achamos que o uso do selante de fibrina pode auxiliar nesse processo”, indicou.


Segundo Oliveira, quando há uma lesão periférica - comum em acidentes de trabalho, por exemplo -, com transecção ou esmagamento de nervos, ocorre uma resposta retrógrada, ou seja, uma reorganização sináptica visível na medula espinhal, onde se encontram os neurônios.


“O interessante é que, quando a lesão é periférica, o neurônico sinaliza de alguma forma para a glia - o conjunto de células do sistema nervoso central que dão suporte aos neurônios -, que se torna reativa. Essa reatividade está envolvida no rearranjo sináptico por meio de mecanismos ainda pouco conhecidos. Nosso objetivo é compreender e otimizar esse processo de rearranjo sináptico para, futuramente, criar estratégias capazes de melhorar a qualidade da regeneração neuronal”, afirmou.



Rearranjo sináptico



No laboratório da Unicamp, os cientistas induzem em ratos e camundongos doenças como a encefalomielite autoimune experimental - um modelo para estudar a esclerose múltipla. Após a indução de uma forma aguda da doença, os animais apresentam todos os sinais clínicos, tornando-se tetraplégicos de 15 a 17 dias após a indução.

“Por outro lado, eles se recuperam da tetraplegia muito rapidamente, entre 72 e 96 horas. O rearranjo sináptico induzido pela inflamação é tão grande que paralisa completamente a funcionalidade tanto sensitiva como motora, mas de forma transitória”, disse Oliveira.

No entanto, a Esclerose Múltipla destrói a bainha de mielina, uma substância que isola as terminações dos nervos e garante o funcionamento dos axônios. Segundo Oliveira, porém, essa bainha se recupera em surtos temporários: em alguns momentos há desmielinização; em outros, a resposta imune fica menos ativa, permitindo que a bainha de mielina se recomponha.

“O paradoxal é que, mesmo que a remielinização não tenha se completado, o animal volta a andar normalmente. Nossa hipótese é que o processo autoimune causa lesões cuja repercussão no sistema nervoso central é similar àquela que ocorre após uma injúria axonal. Transitoriamente, os neurônios param de funcionar. Quando a inflamação cede, as sinapses retornam muito rapidamente. No modelo animal, em algumas horas a função é retomada e os sinais clínicos vão desaparecendo”, disse.

Além do modelo da esclerose múltipla, os cientistas trabalham também com um modelo de lesão periférica dos nervos e na superfície da medula espinhal.

“Quanto mais perto da medula ocorre a lesão, mais grave é em termos de morte neuronal. Todas são graves, mas aquela que ocorre perto da medula causa perda neuronal, e aí não há perspectiva de recuperação. Mesmo com as vias íntegras, o neurônio que conecta o sistema central com o músculo morre e nunca mais haverá recuperação”, explicou o professor da Unicamp.

“Tanto no animal como no homem, ocorre uma perda grande de neurônios, mas, da pequena porcentagem que resta, apenas cerca de 5% consegue se regenerar. No homem, entretanto, há uma demora de mais de dois anos para que se recupere alguma mobilidade. No rato, a mobilidade é recuperada em três ou quatro meses”, afirmou Oliveira.

“Uma vez que isso foi descoberto, começou-se a tentar reimplantar as raízes, desenvolvendo estratégias cirúrgicas e tratamentos com drogas que evitem a morte neuronal nesse período em que há desconexão. Essa parece ser a saída mais promissora para evitar a perda neuronal e otimizar a regeneração”, destacou o pesquisador.





27 de jul. de 2010

Tetraplégicos escrevem e dirigem cadeiras de rodas com fungadas

Matéria Publicada em: 27/ 07/ 2010 

Dispositivo desenvolvido por cientistas israelenses identifica mudança na pressão no céu da boca



Uma nova técnica desenvolvida por cientistas israelenses conseguiu fazer com que pessoas paralisadas por deficiências graves conseguissem escrever textos ou controlar uma cadeira de rodas elétrica por meio de fungadas.


A técnica permite que pacientes tetraplégicos ou vítimas de derrames que mantêm a consciência intacta, mas perdem totalmente a mobilidade, usem um dispositivo no nariz para captar a intensidade da fungada e identificar comandos.

Segundo o estudo dos pesquisadores do Instituto Weizmann, de Israel, uma mulher de 63 anos, que ficou tetraplégica em consequência de  Esclerose Múltipla, conseguiu escrever um texto pela primeira vez em dez anos e hoje já consegue usar o dispositivo para surfar na internet e mandar e-mails.

Outra mulher, de 51 anos, vítima de um derrame havia sete meses, era incapaz de se comunicar com o piscar dos olhos, por não ter o controle total das pálpebras, mas conseguiu usar o dispositivo para escrever textos e iniciar a comunicação com familiares.


Em outro teste, um homem de 30 anos, tetraplégico havia seis anos, após um acidente de carro, conseguiu usar o dispositivo para dirigir uma cadeira de rodas elétrica em uma distância de 30 metros, com várias curvas de 90 graus. Seu desempenho, após três tentativas, foi semelhante ao conseguido por pessoas sem deficiências.


Dispositivo


O dispositivo detecta pequenas mudanças na pressão produzida pela pessoa ao abrir ou fechar o palato mole, a parte de trás do céu da boca que controla a passagem de ar pelo nariz, e os transforma em sinais elétricos.


Esses sinais podem ser usados tanto para escolher letras do alfabeto para escrever textos quanto para controlar dispositivos de maneira semelhante à de um joystick ou de um mouse.

Os pacientes que participaram dos testes conseguiram escrever textos a uma velocidade que variou entre 20 segundos e um minuto por letra, mais rapidamente do que a conseguida por meio da comunicação com o piscar dos olhos, por exemplo.

Os cientistas partiram da hipótese de que as vítimas paralisadas por acidentes, doenças ou derrames mantêm intacta a capacidade de fungar e de controlar a intensidade da fungada.

Após os testes, os cientistas concluíram que a técnica "provê um meio de controle que é rápido, preciso, robusto e altamente conservado após lesões graves".

O estudo foi publicado na última edição da revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). 
FONTE INFORMATIVA: BBC Brasil - http://www.bbc.co.uk/portuguese/


FONTE DA IMAGEM
http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=dirigir-cadeiras-rodas-com-fungadas&id=5510


24 de jul. de 2010

Laboratório da USP irá cultivar células-tronco com tecidos dentais

Matéria Publicada em: 21/07/2010


Trabalhos serão realizados com diversos tipos de populações dentais.
Centro de pesquisas será lançado em 2011.


Faculdade de Odontologia da USP irá desenvolver um laboratório para pesquisa e cultivo de células-tronco com populações dentais diversas, desde dentes de leite até tecidos como o ligamento periodontal, conector do dente aos ossos da boca.

Parceira do King's College de Londres em cinco projetos de pesquisa com células-tronco dentais, a faculdade deverá contar com novo centro em 2011. A especialista e professora de ambas instituições Andrea Mantesso, coordenadora do projeto, afirma que as pesquisas na área avançam a passos largos.


Testes com células-tronco em humanos podem começar em 2010, afirma cientista"Já é possível gerar outros tecidos dentais ou mesmo dentes inteiros a partir de células-tronco", explica Andrea, em entrevista ao G1. "Uma população de células-tronco dentais não servem para qualquer aplicação, mas são extremamente promissora para os tecidos que são capazes de formar."

Células-tronco de tecidos dentais possuem aplicação limitada por não serem pluripotentes como aquelas obtidas a partir de embriões e de cordões umbilicais.

Para obter as células-tronco, o tecido de interesse como a polpa ou o ligamento periodontal são removidos e enzimas são aplicadas para separar as células umas das outras. O último passo é afastar as células-tronco das demais que compõem o tecido.

Histórico

O isolamento de células-tronco a partir de tecidos dentais começou em 2000, com trabalho do professor australiano Stan Gronthos. Três anos mais tarde, a mesma equipe identificou a presença de células-tronco também em dentes de leite.

Tecidos como ligamento periodontal e papila apical - tecido presente na formação da raiz do dente - também estão entre as populações dentais pesquisadas posteriormente para obtenção de células-tronco.

No ano de 2004, uma equipe do King's College, chefiada por Paul Sharpe, conseguiu construir um dente no rim de um camundongo, utilizando somente células durante o processo. Material de medula óssea foi empregado neste experimento, tido como um marco na odontologia moderna por mostrar a possibilidade de criar um dente a partir de tecidos não dentais.

Segundo a professora Mantesso, células-tronco dentais em geral já foram empregadas em trabalhos de engenharia tecidual em órgãos não dentais.

"Já se mostraram eficazes na recuperação de isquemia cardíaca e de danos na retina, além da produção de células neurais contra doenças neurológicas e musculares no combate a distrofias", afirma Andrea.




FONTE: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/07/laboratorio-da-usp-ira-cultivar-celulas-tronco-com-tecidos-dentais.html

17 de jul. de 2010

Tempo para descansar

Matéria Publicada em: 17/07/2010

Quem não tem um sono reparador pode sofrer com estresse, ansiedade, mau humor e até obesidade




Da mesma maneira como a prática de exercícios físicos e a alimentação saudável, dormir bem é fundamental para a qualidade de vida. A privação do sono causa estresse, ansiedade e mau humor, aumenta as chances de engordar e ainda acelera o envelhecimento.

Estudos mostram que dormir mal por três noites é suficiente para deflagrar sinais de resistência à insulina, condição que pode evoluir para o diabetes. Outro aspecto prejudicial é que o corpo aumenta a produção de grelina, hormônio que dispara a vontade de comer e pode ser um gatilho para a obesidade. Uma pesquisa publicada no jornal norte-americano Sleep mostra que pessoas que dormem menos de sete horas por noite podem ganhar até 88% de peso.

Sem o descanso adequado, o organismo também aumenta a produção de radicais livres, moléculas que degradam as células, provocando o envelhecimento precoce, explica o pesquisador do sono Mário Miguel, de São Paulo. Até a adolescência, a maior parte das pessoas têm sono tão bom que, para dormir, basta atirar-se a qualquer hora em qualquer sofá. Após os 35 anos, o repouso vai ficando mais difícil e passa a exigir cuidados. É o que explica o pneumologista e geriatra Eduardo Garcia, especialista no assunto:

– O sono não é apenas um desligamento do cérebro para seu descanso, mas, sim, um estado ativo, cíclico, complexo e mutável, com profundas repercussões sobre o funcionamento do corpo e da mente na vigília do dia seguinte. O sono não é diferente de outros estados da vida: exige preparação, ambiente adequado e mente livre de preocupações.

Portanto, organize melhor seu tempo e comece a dar prioridade ao descanso.

Botox nos consultórios dentários

Matéria Publicada em: 17/07/2010

A toxina botulínica, quem diria, pode fazer mais do que esticar rugas e minimizar marcas de expressão. Nos consultórios dentários, ela já é aplicada para controlar dores e disfunções nas mandíbulas, além de corrigir sorrisos em que a gengiva aparece mais do que deveria. Como tem o efeito de paralisar músculos, o botox, como é mais conhecido, reduz inflamações e pode melhorar a estética.

Usada há pelo menos 20 anos no tratamento das doenças caracterizadas pelo excesso de contração muscular, como bruxismo, a toxina botulínica atua nos nervos. Quando injetada em músculos, bloqueia a liberação da substância responsável pela contração. A diminuição da dor é um reflexo do relaxamento muscular.

A dentista Daniela Nodari, especialista em periodontia e implantodontia, diz que a toxina botulínica tem se revelado uma alternativa eficaz principalmente no controle das dores e da disfunção temporomandibular (DTM). O termo é utilizado para definir um grupo de doenças que acometem os músculos mastigatórios e estruturas adjacentes e pode resultar em dores musculares, de ouvido, limitação da abertura da boca e da função mastigatória, bruxismo e enxaquecas.

– Medicamentos anti-inflamatórios ou relaxantes musculares usados para eliminar dores de DTM não têm ação específica nos músculos mastigatórios como a toxina botulínica e apresentam efeitos colaterais indesejados – avalia Daniela.

O efeito da toxina se inicia em torno de uma semana após a aplicação e promove relaxamento do músculo e diminuição da contratilidade excessiva por um período de seis a oito meses. Ou seja, as injeções de botox têm de ser reaplicadas nos músculos mastigatórios para continuar gerando relaxamento e reduzindo a dor.

Os efeitos colaterais são raros e, quando aparecem, são transitórios. O paciente não fica com assimetria facial ou com dificuldade de falar ou abrir a boca. Essa terapia é contraindicada para gestantes ou mães em fase de amamentação.

15 de jul. de 2010

Pernas biónicas devolvem andar a paraplégicos


Matéria publicada em: 15/07/2010

A empresa da Nova Zelândia Rex Bionics desenvolveu umas pernas robóticas que permitem a paraplégicos caminhar ou até mesmo subir degraus. Veja o vídeo
Espera-se que no próximo ano as Rex, nome dado às pernas robóticas, possam ser comercializadas em todo mundo. Para já, só se encontram à venda na Nova Zelândia e custam cerca de 118 mil euros.






Os neozelandeses Little Richard e Robert Irving fundaram a empresa Rex Bionic e usaram a experiência pessoal para criarem uma alternativa à cadeira de rodas.
"Ambas as nossas mães estão em cadeiras de rodas por isso estamos cientes de alguns dos obstáculos e problemas de acesso que enfrentam os utilizadores de cadeiras de rodas", disse Little Irving em declarações à FOXNews.
A motivação que levou à invenção das Rex aconteceu quando diagnosticaram esclerose múltipla a Little Irving.
Os utilizadores desta alternativa poderão controlar todos os  movimentos através de controles de mão.
Um dos primeiros a testar estas pernas robóticas foi Hayden Allen, que ficou numa cadeira de rodas após uma lesão na medula espinal, há cinco anos. 
"Nunca vou esquecer o gosto de ver os meus pés a andar debaixo de mim, na primeira vez que usei a Rex", disse Hayden à FOXNews
FONTE: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Tecnologia/Interior.aspx?content_id=1619102

5 de jul. de 2010

Os genes da dúvida

Matéria Publicada em: 04/07/2010 


Exames que podem traçar o destino da saúde humana reativam no meio científico a discussão ética sobre o tema e provocam dois efeitos antagônicos % u 2014 a perspectiva de terapias mais eficientes contra o câncer e o preconceito social.


Imagine poder descobrir se daqui a 10 anos você vai ter algum tipo de câncer, diabetes ou mal de Alzheimer. Fazer um teste(1)genético para detectar alguma doença parecia uma ideia de ficção científica, mas está cada vez mais perto da realidade. Com a sentença de um resultado positivo, além do susto inicial e da força de vontade para enfrentar um longo caminho de prevenção, podem chegar outras consequências. Para começar, o empregador pode não querer arcar com os custos de um funcionário com pouca saúde ou a companhia de seguros aumentaria em dobro um plano para um doente em potencial. A inovação da medicina causa polêmica entre especialistas e deve trazer à tona uma nova forma de discriminação.

Com apenas US$ 30 dólares, é possível escolher um kit genético na farmácia e fazer o teste em casa. Essa é a proposta da empresa farmacêutica americana Walgreens. O processo é simples, basta o comprador seguir as instruções da bula para coletar uma amostra da saliva, colocar o material em um envelope padrão e enviá-lo para um dos laboratórios da companhia para análise. O exame promete revelar se as pessoas têm predisposições para diversas doenças. O produto ainda não chegou às prateleiras porque foi barrado pelo órgão regulador do governo norte-americano, o Food and Drug Administration (FDA).

Para o especialista em discriminação genética, doutor em ciências da saúde e professor da Universidade de Brasília (UnB) Cristiano Guedes, o acesso ao teste não é sinônimo de segurança, muito menos de garantias de prevenção ou tratamento. “Os exames sem respaldo do atendimento e do aconselhamento médico não fazem sentido. A informação nem sempre é bem-vinda. Ela pode ser uma sentença, principalmente quando não se tem tratamento para a doença e isso pode causar preocupações, depressão e mudar a vida de alguém”, analisa o pesquisador.

Complicações
O fácil acesso ao exame genético também pode desencadear uma série de preconceitos. Na hora de arrumar um emprego, o candidato pode ter que apresentar não apenas o histórico médico como o futuro. Um seguro de saúde pode sair muito mais caro para o recém-nascido que pode ter diabetes em 30 anos. “Acreditar muito na profecia genética pode enterrar muitas carreiras. Existe o caso, por exemplo, do jogador Lassana Diarra, que foi afastado da seleção francesa antes da Copa do Mundo, depois que um exame apontou uma anemia falciforme. É uma má-formação genética, mas sem dados concretos e isso acabou com o sonho dele de jogar no mundial”, explica Cristiano.

Nos Estados Unidos, uma lei, aprovada em 2008 protege o cidadão americano de sofrer algum tipo de discriminação baseada em informações genéticas, principalmente por parte de empregadores e por companhias de seguro de saúde. Para a especialista Karen H. Rothenberg, professora do Departamento de Direito da Universidade de Maryland, uma reforma na legislação pode servir como uma proteção para outros países, como o Brasil.

“Com o aumento do interesse pela informação e testes genéticos, o primeiro passo é garantir a proteção jurídica. Acredito que vamos ter uma questão de existencialismo onde o grande desafio será ver como as famílias e a comunidade vão colocar essa informação sobre a saúde delas em seu ambiente”, disse a pesquisadora ao Correio, por e-mail.

1 - Expectativa
A indústria farmacêutica também deve lançar no mercado testes genéticos para descobrir incompatibilidade com substâncias como cafeína, medicamentos que combatem o colesterol, anticoagulante varfarina e tamoxifeno utilizado para combater o câncer de mama. A grande polêmica é sobre um exame para casais poderem descobrir se eles são portadores ou não de 23 variações genéticas que predispõem os filhos a doenças hereditárias, como a talassemia (um tipo de anemia) ou a ter os rins policísticos; predisposição a leucemia, esclerose múltipla e doenças cardiovasculares. 

Prevenção polêmica de doenças

No Brasil, um projeto de lei(1) que discorre sobre o tema (o de n° 4610) — elaborado em 1998 — ainda tramita no Congresso Nacional. O texto passou por diversas comissões, foi modificado e agora espera para ser votado em plenário. “Esse assunto é pouco explorado no nosso país. É preciso ter clareza e responsabilidade quando o tema é genético. A ciência pode disponibilizar a tecnologia e ajudar a prevenir doenças, mas se os resultados forem deturpados, o benefício é nulo”, comenta o professor Cristiano Guedes.

Na ficha médica de Virgínia Duarte de Aguiar, 38 anos, há várias histórias de câncer de mama na família, como ocorreu com a avó, a mãe e a tia. Dois tios também lutaram contra a neoplasia, no intestino e na pele. Mesmo que ainda não tenha atingido a idade recomendada, 40 anos, para fazer um exame de mamografia, ela teve a primeira experiência esse ano. “Geralmente, quando conto o meu histórico aos médicos, eles se preocupam. Sigo as recomendações e faço a prevenção. Mas procuro não me fixar muito nisso, senão a gente enlouquece, sabe? Tento levar um vida normal, não ficar muito encucada, mesmo porque, a cada dia que passa, vejo que essa é uma doença muito emocional”, conta a funcionária pública.

O teste genético pode criar uma demanda pela necessidade de saber o futuro e uma grande expectativa que pode pautar a vida de todos, segundo a antropóloga do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, Débora Diniz (Anis). “É óbvio que todos nós vamos morrer, mas uma má formação genética se torna sentença. Essa pode ser uma das formas mais perversas de discriminação porque seremos definidos por nossos genes e não deve ser assim. E o pior: não temos dispositivos para colocar um freio nisso”, comenta a especialista.

Para os especialistas, apenas o DNA não pode definir o destino de cada um. “Você não é fruto do genótipo, o ambiente onde você vive, a sua alimentação e estilo de vida também podem influenciar. Você pode se aproveitar de um diagnóstico, porém não existem garantias”, comenta Cristiano.

Se tivesse acesso a um teste genético que indicasse se ela teria um câncer ou não no futuro, Virgínia faria sem hesitar. “Gostaria de saber, me preparar. De repente, mudar o ritmo de vida, participar de algum estudo científico. Fico impressionada como a medicina evolui e, quem sabe, eles não encontrarão a cura ou alguma forma de prevenção com esses testes”, indaga a funcionária pública.

Com apenas 27 anos, Ana Paula Faria viu mãe e uma tia sofrerem com câncer de mama e a avó com um de intestino. Assim como Vírginia, ela também gostaria de fazer o teste, mas com algumas ressalvas. “Só faria um exame se ele tivesse um respaldo científico muito forte e se a minha médica aprovasse. Ele pode ter uma probabilidade funcional e isso me impulsionaria a criar formas de evitar a doença”, comenta a técnica de laboratório.

1 - Discriminação
O projeto de lei n° 4.610, que ainda espera na fila de votação em plenário, na Câmara dos Deputados, define os crimes resultantes de discriminação. O texto alerta que a realização de testes genéticos só é permitida com finalidades médicas ou para pesquisa com o aconselhamento de um profissional habilitado. A pena para quem “negar cobertura por seguro de qualquer natureza com base na informações genéticas” é de detenção de três meses a um ano e multa. 

3 de jul. de 2010

VIDEOGAME AUXILIA NO TRATAMENTO DE DOENÇAS

MATÉRIA DIVULGADA EM: 03/07/2010




MÉTODO BASTANTE INTERESSANTE, MESMO SEM COMPROVAÇÃO AINDA DA EFICÁCIA, PODE-SE DIZER QUE TORNA AS SESSÕES DE FISIOTERAPIA MUITO MAIS PRAZEIROSAS..


VALE A PENA CONFERIR!










FONTE: http://mediacenter.clicrbs.com.br/rbstvrs-player/45/player/123104/videogame-auxilia-no-tratamento-de-doencas/1/index.htm

24 de jun. de 2010

Análise: Stevens Rehen comenta receita segura para criar célula-tronco

Matéria publicada em: 22/06/2010

Nova reprogramação produz ‘célula faz-tudo’ sem risco de causar câncer.

Brasileiros adicionam novo gene à lista dos promotores da conversão.



Em época de Copa do Mundo é impossível não falar de futebol, Shinya Yamanaka que o diga.

Na semana passada, o cientista iniciou sua palestra no Congresso da Sociedade Internacional para a Pesquisa sobre Células-Tronco em São Francisco (EUA) comentando, satisfeito, a vitória do Japão sobre Camarões.

Yamanaka estava de bom humor não só pelo resultado do jogo de estreia da seleção de seu país, mas também porque apresentaria uma receita mais segura para gerar células-tronco de pluripotência induzida (iPS).

Fotomicrografia com células-tronco embrionárias humanas cultivadas no Laboratório Nacional de Células-tronco Embrionárias - Rio de Janeiro (Foto: Cleide Souza/LaNCE-RJ)



Em 2006, o cientista japonês surpreendeu o mundo ao anunciar a criação de células capazes de se transformar em qualquer tecido do corpo, utilizando para isso um punhado de pele, um vírus e 4 genes cujos produtos são encontrados exclusivamente em embriões.


Esse genes, quando introduzidos em fibroblastos oriundos de pequenas biópsias de indivíduos adultos, transformaram-nos em células-tronco tão versáteis quanto as cobiçadas células-tronco embrionárias.

Com o advento das iPS, uma verdadeira revolução foi iniciada e perspectivas até pouco tempo inimagináveis para as ciências biomédicas começaram a surgir. 

No futuro é provável que as células iPS facilitem a descoberta de novos medicamentos e sejam utilizadas para criar órgãos para transplante sob medida, sem o risco de rejeição.

O coquetel original de Yamanaka para a reprogramação celular incluía os genes oct-4, klf-4, sox-2 e C-myc. Este último é o calcanhar de Aquiles da técnica: é um importante facilitador do processo de reprogramação, mas leva à formação de tumores.

Desde a última Copa do Mundo Yamanaka tenta contornar esse problema, e pelo visto acaba de conseguir. O novo coquetel de genes, apresentado pela primeira vez em sua conferência, inclui os mesmos oct4, sox2 e klf4, mas substitui o famigerado C-myc por um gene com função semelhante – porém não relacionado ao câncer –, o L-myc.

A equipe de Yamanaka fez essa substituição (C-myc pelo L-myc) e aproveitou para silenciar p53, um gene que interfere negativamente com o fenômeno de reprogramação. As células iPS geradas com a nova técnica são mais seguras do ponto de vista terapêutico do que a primeira versão de iPS, já que eliminam o problemático C-myc. Além disso, passaram pelos testes de qualidade que indicam a capacidade de formar qualquer tecido do corpo, da mesma forma que células-tronco provenientes de embriões.

Deepak Srivastava, do Instituto Gladstone de São Francisco, também marcou um golaço ao anunciar a geração de cardiomiócitos a partir de fibroblastos de camundongos.
Ajudado por vírus com papel de cavalos de Tróia, levou para dentro das células da pele genes importantes para o desenvolvimento cardíaco. Em alguns dias apareceram as primeiras células pulsantes que lembraram um coração em plena atividade.

Em outras palavras, Srivastava converteu pele em coração sem um entreposto, sem precisar que os fibroblastos da pele retornassem ao estágio embrionário, como acontece no caso das iPS.

Imagine que, a longo prazo, o coquetel desenvolvido por Srivastava e equipe poderá ser injetado em pessoas com problemas cardíacos, favorecendo a regeneração de um coração combalido.

Em janeiro desse ano, Marius Wernig, da Universidade da Califórnia, havia anunciado façanha semelhante, transformando células da pele de camundongos em neurônios. Tanto Srivastava quanto Wernig ainda não conseguiram repetir o feito com células humanas, mas para muitos, entre os quais este que vos escreve, é questão de tempo.


Brasileiros identificam novo gene conversor




Quem também fez bonito recentemente foi a equipe do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Terapia Celular de Ribeirão Preto.



O time de pesquisadores liderado por Dimas Covas descreveu um novo gene capaz de facilitar a reprogramação de células da pele. Tcl1a está presente em células-tronco embrionárias e foi associado à progressão de linfomas. Quando combinado a C-myc e sox-
2, “forçou” a reprogramação parcial de fibroblastos humanos. 










O processo demora pouco mais de duas semanas. 

É metade do tempo necessário para uma reprogramação plena utilizando-se a receita original descrita por Shinya Yamanaka. 




Apesar das células da equipe da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto não poderem ser consideradas iPS genuínas, o trabalho acrescenta um novo gene na lista daqueles que promovem a reprogramação celular. 




Não menos importante, trata-se do primeiro artigo científico do país sobre o tema, dentre os 526 publicados em todo o mundo até hoje. 
Com tantas histórias de sucesso só nas últimas semanas, a copa do mundo da pesquisa científica segue com média de gols superior ao torneio de futebol da África do Sul.




* Neurocientista, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ

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