Matéria publicada em: 27/03/2009
Terapia com células-tronco melhorou os sintomas dos estágios iniciais de esclerose múltipla em 80% dos pacientes.
A esclerose múltipla (EM) é um transtorno neurológico crônico muito debilitante que pode provocar vários sintomas, entre os quais dormência de braços e pernas e, nos estágios mais avançados, paralisia e problemas de visão. Cientistas acreditam que esse é um transtorno auto-imune no qual o sistema imunológico do corpo – que geralmente entra em ação após a invasão do organismo por microrganismos – ataca o tecido saudável. No caso da EM, o sistema imunológico dos pacientes destrói as bainhas de proteína que protegem as células nervosas ─ os neurônios ─ interrompendo os sinais entre o cérebro e o resto do corpo.Richard Burt, pesquisador e chefe de imunoterapia para transtornos auto-imunes na Faculdade de Medicina Feinberg, da Northwestern University, adverte que os resultados ainda precisam ser confirmados por testes clínicos aleatórios.
Usando um método conhecido como transplante autólogo de células-tronco hematopoéticas não mieloablativas, Burt e seus colaboradores basicamente substituíram as células “mal-comportadas” por células saudáveis ─ criadas a partir de células-tronco ─ em 21 pacientes (11 mulheres e dez homens) com EM recorrente, uma forma comum da doença em que os sintomas aparecem e desaparecem.
O método consiste nas seguintes etapas: inicialmente os pesquisadores administraram drogas que tornam as células da medula óssea aptas a liberar células-tronco imunológicas (com capacidade de se transformar em qualquer tipo de células imunológicas) no sangue.
Depois essas células são extraídas do sangue do pacientes. Em seguida os pacientes recebem drogas que eliminam seu sistema imunológico superativo. Os pesquisadores injetam então as células-tronco previamente extraídas, que se multiplicam rapidamente, dando origem a células imunológicas normais.
A idéia é desenvolver um novo sistema imunológico que reconhece o tecido saudável e não destrói as bainhas de proteínas, avalia Burt. Após um período médio de 37 meses, 17 pacientes (80 %) obtiveram melhores resultados nos testes-padrão de avaliação da visão, força muscular, coordenação motora e outros aspectos das funções neurológicas, que os obtidos antes do procedimento. Outros quatro pacientes não melhoraram, mas também não pioraram, avalia Burt.
O próximo estágio é descobrir como a terapia com células-tronco complementa os tratamentos existentes para a EM, com Tysabri e Novantrone. Esses dois medicamentos retardam a doença por bloqueio ou supressão do sistema imunológico superativo, mas os sintomas não melhoram.
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