25 de fev. de 2009

Outro passo adiante


Matéria Publicada em: 25/02/2009


Ciência e tecnologia USP-RP usa células-tronco e consegue reverter quadro de esclerose múltipla em 81% de casos




Um estudo internacional do qual participa a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade São Paulo (USP) conseguiu reverter perdas neurológicos em pessoas com estágios iniciais de esclerose múltipla. A partir do transplante de células-tronco do próprio paciente, os pesquisadores conseguiram reiniciar o sistema imunológico de 17 dos 21 participantes (81% da amostra).Além disso, houve melhora de ao menos um ponto na escala de desabilidade, sendo que a doença se estabilizou em 100% dos casos.


DANIELLE CASTRO

Gazeta de Ribeirão


O Hospital da Clínica de Ribeirão irá participar da nova etapa de testes, que ocorrerá simultaneamente no Brasil, EUA e Canadá.O estudo, liderado pela universidade norte-americana Northwestern, será publicado em março na revistas internacional de ciência The Lancete Neurology. A parceria brasileira está sendo feita por meio do Centro de Terapia Celular (CTC) da USP, um dos centros de pesquisa, inovação e difusão (Cepids) da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Em princípio, as células-troco estavam sendo aplicadas pelo Cepid para estabilizar a esclerose progressiva, mas o estudo feito em Chicago mostrou que era possível conseguir melhoras se o tratamento fosse feito mais cedo. “Vamos começara a fazer esse trabalho, que vai continuar lá também e já tem outros países interessados em participar, como Cingapura”, afirmou o pesquisador Júlio Cesar Voltarelli, do CTC da USP de Ribeirão.
A estimativa é de que o novo tratamento possa ser aplicado no sistema de saúde em até cinco anos. “É uma pesquisa que deve ajudar pacientes que não respondem ao tratamento atual, que é feito com cortizona. Mesmo medicadas, algumas pessoas continuam tendo surtos. Com o transplante, isso melhora”, afirmou Voltarelli.
A esclerose múltipla é uma doença neurológica crônica cuja causa é desconhecida. Nas fases iniciais, as crises são reversíveis, mas com o passar do tempo (de 10 a 15 anos), o paciente desenvolve a esclerose múltipla progressiva secundária, cujos danos no sistema nervosos são graduais e permanentes.USP testa opção para a insulina.
A Faculdade de Medicina e o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto colocou em testes no semestre passado o uso de células-tronco em pacientes com diabetes 1.
A pesquisa pioneira foi liberada pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e surge como alternativa à dependência de injeções de insulina. A técnica consiste em infundir células-tronco não-embrionárias (chamadas de adultas ou mesenquimais) na corrente sangüínea do diabético, impedindo assim que o sistema imunológico ataque o pâncreas. O método agrega o benefício de também regenerar o órgão.
De acordo com pesquisadores, o tratamento ainda não é a cura, pois obriga acompanhamento médico periódico e regularidade alimentar e física. O diabetes mata uma pessoa a cada dez segundo no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. (DC)

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