3 de out. de 2012
Saliva do carrapato é a mais nova aliada para o combate ao câncer
A partir da glândula que produz a saliva,
cientistas desenvolveram em laboratório uma proteína que mata células
cancerígenas. Se tratamento for considerado seguro, testes em humanos serão
liberados.
Pesquisadores do
Instituto Butantan em São Paulo apresentaram um ajudante no combate a alguns
tipos de câncer, o carrapato.
Engordados no
laboratório e colados na mesa. É assim que os carrapatos produzem saliva para
os pesquisadores. O bicho que se alimenta de sangue e pode transmitir doenças
graves é estudado no mundo inteiro porque a saliva dele não deixa o sangue
coagular.
No Instituto
Butantan, os cientistas fizeram uma nova descoberta. A partir da glândula que
produz a saliva, eles desenvolveram em laboratório a Amblyomin-X, uma proteína
que mata células cancerígenas.
Os testes foram
feitos em dois grupos de camundongos com melanoma, o tipo mais grave de câncer
de pele. Os que não foram tratados morreram em um mês. No grupo que recebeu a
proteína durante 42 dias, o melanoma desapareceu.
Em outro teste,
depois de 15 dias, os tumores se espalharam pelo pulmão do animal que não
recebeu o tratamento e praticamente não atingiram o pulmão do que foi tratado.
A proteína só mata
as células doentes.
“Quando nós fazemos
tratamentos, ou regride a massa tumoral ou cura o animal. Além disso, todo o
resto do organismo normal se mantém preservado e o animal fica saudável”,
aponta a pesquisadora do Instituto Butantan Ana Marisa Chudzinski.
Uma nova etapa da
pesquisa vai começar agora. Por determinação da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária, os pesquisadores vão fazer mais uma rodada de testes em animais,
seguindo padrões internacionais, para avaliar, por exemplo, a dose ideal para o
tratamento. Essa nova fase deve durar um ano. Se o tratamento for considerado
seguro, os testes em humanos serão liberados.
Os pesquisadores
estão otimistas porque testes de laboratório em células humanas com tumores de
mama, pele e pâncreas já deram bons resultados.
O bicho que surgiu
há 60 milhões de anos pode dar um novo rumo à indústria de medicamentos no
Brasil.
“Seria a primeira
vez que o Brasil passaria a desenvolver uma molécula desde a sua descoberta até
a produção industrial. Então acho que para o Brasil é um marco, muda de patamar”,
ressalta Chudzinski.
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